quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Prefeito Luiz de Haroldo em Brasília

O prefeito Luiz de Haroldo do município de Pedra Preta encontra-se em Brasília. Na capital federal, o chefe do Executivo pedra pretense, juntamente com mais 34 prefeitos do RN, participaram da assinatura do programa Água para Todos, do Governo Federal.




Saúde

Paciente tratado no Hospital da UFRN convive com diabetes há 60 anos sem apresentar sequelas

Fernando Carlos de Paula tem 67 anos. Há 60, o fluminense radicado em Natal possui diabetes. “A doença para mim é uma benção, pois é facilmente controlada”, diz o aposentado, que não apresenta nenhuma sequela em decorrência da enfermidade. “Vejo muita gente com perna amputada, cega, com vários problemas, mas eu não tenho nenhum. Tive uma boa orientação e tenho uma alimentação controlada”, conta.

Paciente do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Fernando de Paula descobriu a doença por acaso no dia 2 de setembro de 1953, pouco antes de fazer oito anos de idade. O pai lhe havia oferecido uma bicicleta, mas não cumpriu a promessa: saiu de casa antes do aniversário do filho e nunca mais retornou. Como a mãe não podia comprar o brinquedo, em vez disso lhe deu um pudim. O mimo viraria um marco na vida de Fernando, porque logo em seguida o menino entrou em coma.

À época, a família não sabia que Fernando tinha diabetes do tipo 1, também conhecida como insulinodependente, diabetes infanto-juvenil ou diabetes imunomediado. O coma e as dificuldades impostas pelo tratamento da doença levaram ao internamento no extinto Hospital Central do SAM (Serviço de Assistência a Menores do Rio de Janeiro).

Assistido pelo clínico geral Paschoal Baldi, recebeu informações que considera preciosas sobre o funcionamento da doença e sobre as formas de prevenir os agravos. Apesar dos cuidados do médico e da equipe de assistência, Fernando lembra que aqueles não foram dias fáceis.

Nas décadas iniciais da descoberta da doença, o tratamento já era feito com doses diárias de insulina, mas a baixa qualidade do produto resultava em efeitos inesperados. A medicina e a indústria farmacêutica não conseguiam proporcionar um tratamento sem sofrimento.

“Antes a insulina era suína ou bovina. Eram recorrentes os picos de hipoglicemia”, conta. Os materiais de aplicação da substância eram outro problema. “As seringas eram de vidro e as agulhas muito compridas e além de tudo a aplicação era subcutânea, era muito dolorosa”, explica Fernando, que hoje se acha sortudo por ter uma doença que considera fácil de dominar.

Outro problema relatado no controle da diabetes era a aferição dos níveis de glicose no sangue. Se hoje os pacientes contam com um aparelho portátil que requer poucos recursos e pouco tempo para apresentar resultados precisos, antes era bem diferente. “A gente pegava 10 gotas de urina e colocava num tubo de ensaio com reagente e esquentava no fogo”, recorda. “Hoje em dia eu não sei como as pessoas morrem de diabetes. A gente é dono da nossa vontade e o resto a gente tem à disposição”, afirma ao referir-se à exigência de autocontrole quanto ao consumo de alimentos e aos hábitos de vida saudáveis.

Marcos de Oliveira, endocrinologista do Hospital Universitário Onofre Lopes, tem Fernando de Paula como um exemplo de sucesso no tratamento da diabetes. O médico acompanha o paciente desde de 1988 e destaca não só a disciplina do aposentado, mas também seu conhecimento sobre a doença e seu bom relacionamento com os profissionais da saúde. “O médico orienta o paciente, mas o doente precisa ter uma participação ativa no tratamento”, destaca Marcos.

O endocrinologista entende que a humanização do serviço médico é fundamental para o sucesso do tratamento e enxerga a afetividade como um componente necessário em sua atividade profissional. “Entendemos a afetividade não como ato de doação, mas de estímulo à consciência e à responsabilidade. É aquela velha história: não queremos dar o peixe, mas ensinar a pescar”, salienta.

Boletim Especial da UFRN – Ano III – Número 59 – Natal/RN, terça-feira, 10 de setembro de 2013