segunda-feira, 15 de junho de 2015

Câmara Cascudo no Museu da Língua Portuguesa






Mostra inédita e interativa sobre o universo cascudiano acontecerá de 19 de outubro a 17 de fevereiro de 2016, sendo uma das maiores já realizadas no Centro Cultural localizado na Estação da Luz, um dos mais importantes da América Latina.
O projeto é realizado em parceria entre a Casa da Ribeira (RN) e Instituto Ludovicus – Casa de Câmara Cascudo (RN), através do apoio integral da família do folclorista, intelectual e etnógrafo potiguar e especialistas em sua obra

Faltando quatro meses para a estreia da exposição inédita e interativa “Câmara Cascudo no Museu da Língua Portuguesa”, novos profissionais da cultura brasileira começam a se integrar à mostra organizada pela Casa da Ribeira e Ludovicus - Instituto Câmara Cascudo. A “Expo Cascudo”, como já vem sendo chamada, está com sua temporada confirmada pela produção e curadoria do museu: a abertura será dia 19 de outubro de 2015, com visitação para o público a partir do dia 20 até 17 de fevereiro de 2016.
Um dos convidados é o diretor de cena Rafael Bicudo, responsável pela Mostra Brasileira na Quadrienal de Praga – maior evento de cenografia do mundo. Na “Expo Cascudo”, ele será o consultor na área de cenografia/expografia. Também se integrou à mostra o experiente iluminador Guilherme Bonfanti, fundador do Teatro da Vertigem de São Paulo e conhecido pelo trabalho em muitas bienais do País, incluindo a Mostra Brasil 500 Anos. Bonfanti ficará responsável pela coordenação do projeto Luminotécnico.
“Câmara Cascudo no Museu da Língua Portuguesa” começa a ganhar forma através do patrocínio via Lei Federal de Incentivo a Cultura – Lei Rouanet, dos grupos O Boticário e Grupo Marquise, além dos apoios da  Secretaria de Cultura de São Paulo, Academia Paulista de Letras, Global Editora. Com expectativa de receber 100 mil visitantes, a mostra contará com uso de tecnologia e muita interatividade, apostando em experiências que valorizem toda a diversidade registrada por Câmara Cascudo, os saberes, os sentires e suas práticas.
Módulos da exposição podem se estender além do museu e ganhar as ruas
Com expectativa de receber 100 mil visitantes, a mostra contará com uso de tecnologia e muita interatividade, apostando em experiências que valorizem toda a diversidade registrada por Câmara Cascudo.
“A exposição terá um caráter de ineditismo por que contempla pontos de toque que extrapolam o universo literário, como a cultura popular, a gastronomia e o idioma. Cascudo revelou 'brasis' invisíveis aos brasileiros, e é imperativo mostrar isso às novas gerações. Queremos que as pessoas percebam a contemporaneidade de sua obra”, disse Gustavo Wanderley, responsável por desenvolver o desenho de produção e a coordenação de curadoria.
O recorte curatorial foi definido a partir de cinco módulos: Em “O Tempo e Eu” será abordado o autor e o homem Cascudo, e abrange a sua biografia, compreendendo o período de 1898 a 1986, com ênfase para sua produção intelectual, ficcional ou não, sua extensa rede de amizades (incluindo as correspondências com grandes intelectuais como Mário de Andrade) e as viagens de estudos que empreendeu pela África e Europa.
O segundo módulo é “Dança, Brasil”, que compreende os autos e as festas populares do Brasil. Depois segue com o módulo “A Literatura Oral e a Voz do Gesto”, que trata da literatura oral, o conto, a lenda, as adivinhações e provérbios, cantos, orações e frases-feitas que o povo se apropriou. O gesto surge como precursor da linguagem em todos os recantos do mundo.
Em “A Religião no Povo”, que abordará o sincretismo brasileiro a partir do sentimento da religiosidade popular manifestado através de bênçãos, promessas, santos tradicionais, orações, pragas, profecias, superstições, amuletos, entre outros objetos de estudo do folclorista.
Um dos módulos que promete maior desdobramento é  “Todo trabalho do homem é para sua boca”, que vai explorar a  gastronomia e a alimentação a partir do magistral estudo “História da Alimentação no Brasil” obra de Câmara Cascudo que busca de nossas origens alimentares.
“O livro História da Alimentação no Brasil é referência para muitos chefs e pesquisadores que pensam nossa gastronomia como patrimônio cultural brasileiro, então é natural que o tema ganhe as ruas em palestras, seminários, cardápios especiais e até feiras de rua”, disse Gustavo Wanderley, um dos diretores da mostra.
Para Daliana Cascudo, neta e atual presidente do Instituto que guarda o acervo do Mestre, a exposição é a realização de um antigo sonho da família. “Após testemunharmos a presença de Guimarães Rosa, Gilberto Freyre, Cora Coralina, Jorge Amado, Clarice Lispector, Oswald de Andrade, contemporâneos Cascudianos, no Museu, sentíamos que faltava alguém num dos melhores museus da América do Sul”, destaca. “Para quem tinha como objeto de estudo o "povo brasileiro em sua normalidade" se faz mais do que necessário que este mesmo povo conheça sua obra e se reconheça nela”, disse Daliana. Ela acrescenta que a intenção da família e da Casa da Ribeira é aproximar Cascudo, vivo e atual, do grande público e torná-lo conhecido como ele merece. “Ao falar de Cascudo, mostramos também o Rio Grande do Norte que ele tanto amou e de onde nunca quis sair, definindo-se como um 'provinciano incurável'”. 
Manutenção da mostra
Até o momento a “Expo Cascudo” já tem um terço do orçamento captado, mas os produtores estão otimistas quanto a fechar o patrocínio com novas empresas, especialmente potiguares. As últimas cotas serão destinadas à finalização e manutenção da mostra, pois serão quatro meses em cartaz em um dos principais centros culturais da América Latina.
 “Uma exposição que prevê 100 mil visitantes é uma forma de vender Natal também como destino de turismo cultural de grande relevância”, diz o produtor Gustavo Wanderley. Ele destaca ainda a visibilidade que as mídias darão a exposição, a exemplo das Organizações Globo que é fundadora do Museu da Língua Portuguesa em São Paulo.

Números previstos e itinerância
A exposição sobre Câmara Cascudo no Museu da Língua Portuguesa (SP) tem expectativa de receber 100 mil visitantes em quatro meses (de setembro a dezembro de 2015). Entre o público-alvo e as ações previstas está a participação de 40 mil educandos do projeto educativo e 40 mil livretos para aplicação nesta área de formação, além de impressos em formato de cordel. Serão ocupados 492 metros quadrados para a exposição, englobando cinco módulos, com 70 profissionais envolvidos. Estão previstos desdobramentos da exposição após a permanência no Museu da Língua Portuguesa, com possibilidade de estabelecer itinerários no Brasil (RN e outros) e também no exterior, a exemplo da Fundação Gulbenkian em Lisboa.