terça-feira, 13 de setembro de 2011

Sete dias entre o céu e o mar

O pesadelo chegou ao fim. E com uma boa notícia. Depois de sete dias e oito noites à deriva, o pescador Francisco Januário de Souza, 61 anos, foi resgatado com vida. O potiguar estava junto com mais oito pescadores num barco de pesca no litoral pernambucano, quando caiu no mar para resgatar um bote avaliado em R$ 17 mil que havia se desprendido da embarcação. Francisco foi o único a entrar na água. Ele não conseguiu reaver o bote e a corda na qual estava amarrado ao barco pesqueiro, se rompeu. A correnteza o afastou do pesqueiro e ele não tinha forças para nadar de volta. Para os companheiros de Francisco Januário, ele não passaria daquela noite.
Após uma pane no motor, o barco ficou à deriva. Uma tempestade provocou o acidente. Eram 17 horas do dia 2 de setembro. Os tripulantes informaram o problema à costa via rádio, momentos após o pescador ter sido levado para longe do barco pelas águas. O resgate foi enviado no dia seguinte e todos, com exceção do potiguar, foram salvos. No mesmo dia, a Guarda Costeira da Marinha, auxiliada por caças da Força Aérea Brasileira, iniciaram as buscas pelo pescador nas águas pernambucanas.
Em Natal, a família de Francisco Januário percorreu hospitais, postos de saúde e pediu ajuda à imprensa para divulgar o sumiço do pescador. "Nós recebemos até a ligação de uma pessoa do Itep dizendo que um corpo com as características do nosso pai havia sido encontrado na praia. Nós estávamos arrasados. Mas quando vimos a foto do cadáver, tivemos a certeza que não era ele. Foi um alívio", disse Mércia Souza, uma das filhas do pescador. Mesmo assim, a angústia da família não diminuía.
Na quarta-feira passada, o Comando do 3º Distrito Naval da Marinha, em Natal, comunicou à família de Francisco Januário que as buscas tinham sido encerradas. Para a Marinha, ele estava oficialmente morto. "Nós estávamos esperando pelo início dessa semana para darmos entrada na certidão de óbito. A Marinha nos informou que tudo estaria pronto no final deste mês", disse Mércia. As lágrimas de tristeza, porém, deram lugar às lágrimas de felicidade.
No final da manhã do sábado passado, a família de Francisco recebeu uma ligação. "Era a esposa do dono do barco que resgatou o meu pai. Nós explodimos de alegria quando ela disse que ele estava vivo e bem", relatou Mércia. O pescador potiguar foi encontrado na costa cearense, próximo ao município de Acaraú. Com queimaduras causadas pelo sol, com sede e com fome, ele foi levado ao posto de saúde da cidade, onde foi atendido.



Fonte: Tribuna do Norte