sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Conversa Aberta com um judeu

Uma das coisas mais gratificantes que os Trilheiros da Caatinga me proporciona, é a possibilidade de conhecer muita gente, e sendo assim conhecer mais culturas, histórias de vida, experiências de viagens, descrições de outras partes do Brasil e do mundo, etc. Já guiei até um sobrinho de uma senhora falecida no Cabugi.

Numa dessas trilhas estava o brasileiro Diego, judeu morador de Natal, com o qual conversei vários assuntos. Diego me lembrou um equívoco histórico quanto a crucificação de Jesus: "quem crucificou Cristo não foram os Judeus, foi Roma". De fato o Império Romano temia a liderança religiosa e social de Jesus, pois ela também implicaria numa liderança política, não nos termos atuais de uma campanha eleitoral, mas em termos de controle social e influência psicológica.

Outro ponto que conversei com Diego foi o conflito Israel/Palestina, e assim como eu, ele também pensa que é conflito para a eternidade. A menos que uma nação consiga destruir por completo outra, sempre haverá resquícios históricos dispostos a acender um novo estopim. Lembramos que o conflito é milenar e não há sinais claros de que os dois lados aceitem uma convivência pacífica, pois a região onde hoje encontra-se o povo Judeu (Israel), é um território sagrado para ambos os povos em conflito. O principal combustível para a razão de ambos estão fundamentadas na fé, seja do lado Judeu, seja do lado Muçulmano, são portanto o que meu ex professor do curso de História/UERN, Gilmar, chamou de: "duas verdades em conflito.

Diego não usa aquele cacho no cabelo. Por ser de uma ramificação diferente dentro das doutrinas judaicas ele usa o Kipá (que nos lembra uma cuia), ela simboliza o temor ou obediência a Deus também utilizado por membros da igreja católica como bispos e o papa, mas com o nome de Solidéu. Ao chegar ao topo do Cabugi, Diego pegou seu livro sagrado: a Bíblia, ou Tanakh em hebraico (Velho Testamento), escrito em hebraico e entoou alguns cânticos baixinho. Esta Bíblia não contém o Novo Testamento, pois para os membros da religião Judaica Jesus não é o Messias, eles ainda o esperam, apesar de haver devoção a Deus, o mesmo Deus do Cristianismo e do Islamismo. Estas três religiões nasceram no berço do Oriente Médio, mas ambas devotam profetas diferentes.

Os judeus foram mortos aos milhões nos campos de concentração nazista não só na Alemanha, mas em boa parte da Europa.


Por Cícero Lajes.