sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Garibaldi fala da construção de Alcaçuz

Quando ocupou o cargo de governador do RN, Garibaldi Alves Filho foi o responsável pela construção do presídio de Alcaçuz. Décadas depois,  em entrevista ao blog, o senador Garibaldi Filho comenta a decisão de construir a unidade: “[eu] busquei recursos para a construção de presídios”. Além de analisar o sistema penitenciário, Garibaldi fala pela primeira vez sobre o terreno de Alcaçuz: “Eu não posso responder pela parte da engenharia”.
Márlio Forte – Como o senhor enxerga toda essa situação do sistema prisional no RN?
Garibaldi Alves Filho – O sistema prisional do RN parece apresentar uma situação muito preocupante diante dos outros Estados. No Brasil, sabemos que esse sistema está falido e é preciso que se tome medidas, não somente urgentes, mas medidas que tenham seu impacto no futuro. No Senado, eu sou presidente de uma comissão de infraestrutura que tem um relacionamento direto com esse problema. No plenário, logo após aquelas fugas que colocou em xeque o sistema no RN, eu me pronunciei e espero que por meio da comissão de Justiça do Senado possamos tomar medidas mais consistentes.
MF – Como está o relacionamento do governador com o senhor nessa situação?
GF– Eu tive a oportunidade de acompanhá-lo em duas audiências, uma com o ministro de Integração Nacional e outra com o de Transporte. Ambas reuniões foram para tratar de assuntos diferentes daquelas pastas e a crise hídrica que o Estado enfrenta, além do problema das obras do RN no âmbito do Ministério dos Transportes. Eu me coloco à disposição do governador para tratarmos de segurança, porém cabe a ele a iniciativa de nos procurar. Nós estamos com uma crise e o Governo Federal também enfrenta e o lençol é muito curto. É uma verdadeira escolha sofrida: saber onde você vai dar prioridade nesse momento. Agora mesmo enfrentamos a crise do desemprego na Construção Civil. Então eu me coloco a disposição do governador.
MF – Qual a posição do senhor sobre a construção do presídio em Ceará-Mirim?
GF – Eu sou a favor do presídio, mas nesse momento eu não tive a oportunidade de analisar de perto esse problema. Eu quando fui governador, junto com o Governo Federal, busquei recursos para a construção de presídios, inclusive do de Alcaçuz. Eu acho que deve haver essas construções, porém se deve ser em Ceará-Mirim ou em outro município não me cabe analisar. Se só houver Ceará-Mirim, me perdoe o povo da cidade, isso será uma solução irreversível. Foi feita uma comissão com prefeitos daquela região para falar com o governador e com a Assembleia para dizer que não aceitavam.
MF – O senhor foi governador na época da construção de Alcaçuz e o presídio é muito criticado por ter sido construído em cima de dunas. Como o senhor analisa isso?
GF – Eu não posso responder pela parte da engenharia. Já fazem muitos anos, e não estou fugindo da responsabilidade, e isso é um problema que não me diz respeito diretamente. Se houve essa escolha, técnicos estaduais e federais tornaram viável. Eu pleiteei os recursos para fazer o presídio, fiz a minha parte.
MF – Mas existem cavernas debaixo de Alcaçuz. Por que os técnicos não viram essa situação?
GF – Seria exigir demais de mim que nessa altura eu me responsabilizar por esse problema, pelo contrário, se não fosse a prisão de Alcaçuz, como estaríamos hoje?
Entrevista feita por Márlio Forte