segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Fifa altera horário de jogos em Natal

Roma (AE) - Depois de sete anos de preparações para a Copa do Mundo de 2014, o futebol começa a ser levado em conta no planejamento da Fifa e a entidade deverá mudar os horários de jogos para evitar temperaturas elevadas para os jogadores nas cidades do Nordeste. Questionado em Roma, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, confirmou que está muito preocupado com o calor em algumas sedes. As declarações foram feitas depois que ele se reuniu com o papa Francisco e ouviu do pontífice uma cobrança: a de que o Mundial no Brasil também favoreça aos mais pobres e às favelas. Natal tem dois jogos marcados para as 13h. O primeiro deles, no grupo do Brasil, logo no dia 13, dia seguinte ao da abertura do Mundial. O segundo deles no dia 24 de junho (D1x D3). Os outros dois jogos a serem disputados na capital potiguar estão agendados para as 19h.

Estádio Arena das Dunas receberá dois jogos à noite e os outros dois que 
 seriam às 13h passarão para um horário de fim da tarde
A agenda da Copa foi apresentada há mais de um ano, depois que a CBF e o governo brasileiro travaram uma disputa acirrada para atender a governadores, prefeitos e interesses locais com jogos espalhados em 12 sedes. Ao todo, 51 versões da tabela foram feitas até que a edição final fosse apresentada e aprovada.

Agora, Blatter confirma que tudo pode mudar, justamente para garantir o melhor rendimento possível das seleções. “Temos recebido informes, cartas e pedidos para que haja uma mudança nos horários. É mesmo um problema o calor que faz no Brasil”.

O Fifpro (Sindicato Mundial dos Jogadores) encampou há meses a luta pela mudança dos horários de alguns jogos. Em parceria com o Sindicato brasileiro, que é presidido por Rinaldo Martorelli, conduziu um estudo coordenado pelo fisiologista Turíbio Leite de Barros Neto sobre os efeitos no corpo dos jogadores em partidas disputadas sob altas temperaturas. Houve jogos às 13 horas em Fortaleza, Manaus, São Paulo e Brasília e os resultados obtidos foram encaminhados para a Fifa.

A entidade reconhece que o plano apresentado há mais de um ano com as 12 sedes pode não ser ideal. “Vamos debater esse assunto e tomar uma decisão sobre uma possível mudança em dezembro, durante nosso Comitê Executivo. O calendário que temos foi estabelecido, mas não está sancionado”. O encontro do Comitê Executivo será em um complexo hoteleiro na Costa do Sauipe, no litoral da Bahia, na semana do sorteio dos grupos (que está marcado para o dia 6).

Vinte e quatro dos 64 jogos do Mundial estão marcados para as 13 horas. Se nas sedes no Sudeste e Sul isso não é problema, a Fifa constatou na Copa das Confederações que o calor nas cidades do Norte e Nordeste pode prejudicar o rendimento de seleções. Tanto a Itália quanto a Espanha se queixaram muito, não só do calor mas também da grande umidade em cidades como Recife e Fortaleza. No informe técnico da entidade, a temperatura foi apontada como um fator que pode influenciar os jogos.

Pela programação, jogos às 13 horas ocorrerão em Natal, Salvador, Recife, Fortaleza e Brasília. O que surpreende pessoas dentro da Fifa é como a CBF, ainda sob o comando de Ricardo Teixeira, aprovou e sugeriu tais horários quando nem no Campeonato Brasileiro há jogos nestes horários nestes locais.


Cobrança

Blatter revelou que a questão do impacto social da Copa foi tratado até mesmo pelo papa nesta sexta. Segundo o dirigente, Francisco insistiu que a Fifa e o Mundial devem “ajudar as favelas” do Brasil, em um claro recado de que os gastos da Copa e as atenções não podem esquecer os problemas sociais do País. Em sua visita ao Brasil, o papa fez questão de visitar uma favela. E saiu em defesa dos manifestantes que, durante a Copa das Confederações, tomaram as ruas para pedir melhorias sociais no Brasil. Diante do pedido do papa, Blatter lavou as mãos. “Fazemos o que podemos, mas não podemos fazer tudo”, disse.

Blatter se diz convencido de que na Copa não haverá protesto no Brasil e que as autoridades “não perderão a oportunidade” de mostrar que o Brasil é um grande país. Ele também diz que não há o menor risco de atraso em obras nos estádios e que tudo ficará pronto no prazo previsto.