O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, confirmou na noite
desta terça-feira (27) que enviou ao Supremo Tribunal Federal a abertura
de inquérito para investigar o senador Demóstenes Torres e pelo menos
outros dois deputados federais citados em relatório da operação Monte
Carlo, deflagrada pela Polícia Federal em fevereiro.
A operação
prendeu o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, conhecido como
Carlinhos Cachoeira, suspeito de chefiar esquema ilegal de jogos. As
gravações telefônicas revelaram a ligação dele com Demóstenes e com os
deputados federais Sandes Júnior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia
(PSDB-GO).
Gurgel afirmou que a definição sobre a necessidade de
abertura de inquérito veio após a análise de 10 meses de interceptações
telefônicas feitas pela PF. "Considerei [as gravações] graves o
suficiente para que houvesse o pedido de instauração de inquérito. É um
volume muito grande de interceptações telefônicas e de um período
bastante longo", afirmou.
Ao G1, o advogado de Demóstenes,
Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que o pedido de
inquérito irá facilitar a defesa do senador, que já vinha requisitando
as informações à PGR. "Num primeiro momento [o pedido de inquérito] é
ruim, mas para nós, juridicamente, é bom, porque teremos condições de
levar o caso no devido processo legal", afirmou. Ele sustenta que as
gravações não comprovam qualquer ato ilícito do senador.
Em
pronunciamento no Senado, Demóstenes admitiu que mantém apenas relação
de amizade com o empresário e negou conhecimento ou envolvimento em
atividades ilegais.
O pedido de abertura de inquérito será
distribuído agora a um ministro do STF, que será o relator e decidirá
sobre a abertura ou não de inquérito. Gurgel disse que pediu diligências
normais nesse tipo de caso, mas não especificou quais, por se tratar de
um caso sob sigilo.
No pedido, o procurador-geral pediu que a
investigação seja desmembrada em três inquéritos. Um será específico
para apurar possível envolvimento de Demóstenes em atividades ilegais
ligadas ao jogo. A segunda deverá se concentrar sobre outros
parlamentares. E um terceiro, sobre demais pessoas envolvidas sem foro
privilegiado, para ser remetido à primeira instância da Justiça.
Gurgel
disse que pediu a abertura de inquérito em separado para Leréia e
Sandes Júnior porque identificou menos indícios da ligação deles com
Carlinhos Cachoeira. "Em relação a esses outros dois parlamentares,
digamos, há menos elementos e, por isso, também se pediu um
desmembramento". O G1 tenta contato com os advogados dos deputados.
A
assessoria de imprensa do deputado Carlos Alberto Leréia afirmou que
ele não se manifestaria até conhecer o teor das investigações da Polícia
Federal repassadas ao Ministério Público. A assessoria de Sandes Júnior
não atendeu às ligações.
O procurador esclareceu que recebeu as
informações sobre a operação Monte Carlo há 20 dias e, nesse período,
se concentrou na análise da investigação para pedir a abertura dos
inquéritos.
Fonte: G1.com
Fonte: G1.com